Junta de Freguesia comemorou 14º aniversário da elevação do Samouco à categoria de Vila

Em 30 de Abril de 2003 foi entregue, por cinco deputados do Partido Comunista Português na Assembleia da República, o Projecto de Lei nº 283/IX, datado do dia anterior, com o seguinte título – Elevação do Samouco, no concelho de Alcochete, à categoria de vila.

Após percorrer a sua tramitação, em 9 de Dezembro de 2004, é então aprovada, por unanimidade, na Assembleia da República, a elevação do Samouco à categoria de Vila.

No âmbito das comemorações do 14ª aniversário desta data, a Junta de Freguesia decidiu homenagear a Base Aérea nº6 com o embelezamento da rotunda mais perto da entrada desta unidade militar: com as iniciais BA6 e um avião. “No ano que celebrou o sexagésimo quinto aniversário e que alguns teimam, a pretexto de outros interesses e de forma cega, em querer destruir o trabalho desta grande unidade militar, decidimos reconhecer publicamente o papel da Base Aérea nº 6 para o desenvolvimento da nossa vila” referiu o Presidente da Junta de Freguesia, Pedro Ferreira, no discurso da sessão solene que se seguiu à inauguração da rotunda, que contou com a bênção do Sr. Padre Jorge Lages Almeida.

A sessão solene contou com as palavras de reconhecimento e apreço ao trabalho realizado por homens e mulheres que, nestes 65 anos de BA6, tanto contribuíram para o desenvolvimento da nossa vila, tanto pelo Presidente da Junta de Freguesia do Samouco, como pelo Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, Fernando Pinto e ainda do Coronel Piloto Aviador Luís Graça, comandante da Base Aérea nº6.

O apontamento musical ficou a cargo da Ensemble de Trompetes do Conservatório Regional de Artes do Montijo e no final cortou-se o bolo de aniversário.

Aqui transcrevemos o discurso do Presidente da Junta de Freguesia do Samouco, Pedro Ferreira (na íntegra, excepto as saudações protocolares do início):

Presidente da JF Samouco - Pedro FerreiraBoa tarde,

Em nome do executivo da Junta de Freguesia de Samouco, agradeço a vossa presença.

Estamos hoje aqui para comemorar uma data que, para nós autarcas e para a população da Freguesia do Samouco, deve ser encarada com enorme orgulho.

Em 30 de Abril de 2003 foi entregue, por cinco deputados do Partido Comunista Português na Assembleia da República, o Projecto de Lei nº 283/IX, datado do dia anterior, com o seguinte título – Elevação do Samouco, no concelho de Alcochete, à categoria de vila.

O referido Projecto de Lei caracteriza o Samouco como uma localidade que se situa a 5 km da sede do concelho, fazendo extrema a norte com o rio Tejo, a sul com a cidade do Montijo, de onde dista 2 km, a nascente com Alcochete e a poente com a Base Aérea n.º6.

Além de razões de ordem histórica e da enumeração de equipamentos colectivos, de serviços e das associações existentes, e possuindo os requisitos estabelecidos pela Lei n.º 11/82, de 2 de Junho, para ser elevada à categoria de vila, o Projecto de Lei apresentava um artigo único:

A localidade do Samouco, sede de freguesia do mesmo nome, no concelho de Alcochete, é elevada à categoria de vila.”

Após percorrer a sua tramitação, em 9 de Dezembro de 2004, é então aprovada, por unanimidade, na Assembleia da República, a elevação do Samouco à categoria de Vila.

Podemos garantir-vos que este foi um momento de grande alegria e que, como referi há pouco, esta é uma data que deve ser encarada com enorme orgulho.

Orgulho porque hoje relembramos a evolução da nossa terra ao longo dos anos, a forma como foi crescendo, como a população foi tendo melhores condições de vida e como se foi dotando de equipamentos.

Hoje também relembramos e reconhecemos o papel das colectividades,  uma das mais importantes conquistas de Abril, o Poder Local Democrático e o trabalho de mulheres, homens e instituições que muito contribuíram para que fosse possível termos atingindo este estatuto que muito nos honra.

Por falar em reconhecer, resolveu o executivo da Junta de Freguesia do Samouco, e no ano que celebrou o sexagésimo quinto aniversário e que alguns teimam, a pretexto de outros interesses e de forma cega, em querer destruir o trabalho desta grande unidade militar, reconhecer publicamente o papel da Base Aérea nº 6 para o desenvolvimento da nossa vila.

Permitam-me que fale um pouco da história desta unidade militar, cujas origens estão associadas ao grande crescimento da aviação na década de 30.

Já em 1929 a comissão de estudo que tinha como responsabilidade estudar a nova localização a atribuir à Base Naval de Lisboa, apontava no seu parecer a península do Montijo.

Desde o princípio de 1952, e num período em que ainda decorriam as obras de grande parte das infraestruturas, um pequeno destacamento já ocupava a Base Aero-Naval do Montijo.

Com a publicação da Portaria N.º14.281, de 2 de Março de 1953, documento que procura dar resposta às disposições relativas à reorganização das forças aéreas, o então denominado de Centro de Aviação Naval Sacadura Cabral passou oficialmente a designar-se por Base Aérea N.º6.

Dotada de uma área de cerca de mil hectares de terra plana, ao longo dos seus 65 anos de existência, a Base Aérea nº6 tem dado um contributo considerável para o desenvolvimento da aviação militar em Portugal, pois nela têm operado variadas aeronaves, vocacionadas para a luta antissubmarina ou orientadas para missões de transporte, incluindo o aéreo especial, Busca e Salvamento e Vigilância e Reconhecimento.

Nas instalações da Base Aérea nº 6 funcionam também o Centro de Treino de Sobrevivência da Força Aérea, que tem por missão ministrar cursos de sobrevivência e salvamento individual, incluindo em ambientes de natureza nuclear, radiológica, biológica ou química, bem como ainda no domínio do reconhecimento e inactivação de engenhos explosivos, e ainda a Esquadrilha de Helicópteros da Marinha que, este ano, comemorou 25 anos, unidades a que a Base Aérea presta apoio logístico e administrativo.

Sob o lema Força e Grandeza de Ânimo e com a missão de garantir a prontidão das Unidades Aéreas e o apoio logístico-administrativo de unidades e órgãos nelas sediados, bem como a segurança interna e a defesa imediata, a Base Aérea nº6 tem contribuído de forma decisiva para o cumprimento da missão da Força Aérea Portuguesa, elevando bem alto o nome de Portugal, tendo-lhe já sido atribuída, em 1998, a condecoração da Ordem do Infante D. Henrique.

No entanto, permitam-me fazer aqui um parêntesis para referir que a instalação desta unidade militar não foi de consentimento fácil por parte de população do Samouco.

Não nos podemos esquecer dos terrenos agrícolas ocupados, que faziam depender muitos habitantes da nossa pequena freguesia, facto este que gerou muita controvérsia na altura.

Mas, o desenvolvimento da nossa terra está também intimamente ligado à existência da Base Aérea nº6.

E tal como tive oportunidade de ler numa brochura, onde se efectua uma breve resenha histórica da forma como nasceu esta unidade militar e  todo trabalho realizado nos 65 anos de existência, o mesmo apenas foi possível graças à dedicação, esforço e espírito de missão de uma grande equipa composta por todos os homens e mulheres, militares e civis.

É nesse sentido que, com este acto, relembramos e reconhecemos todos aqueles e aquelas, que aqui se fixaram, quer para trabalhar na construção da Base Aérea nº6, quer para integrar os quadros de pessoal civil.

Relembramos e reconhecemos também aqueles e aquelas que vieram cumprir o serviço militar e que aqui se fixaram com as suas famílias.

Relembramos e reconhecemos ainda aqueles que vieram cumprir o serviço militar ou que ocuparam os quadros de pessoal civil, que no Samouco conheceram as suas namoradas, contraíram matrimónio e que constituíram família.

Não podemos deixar de relembrar e reconhecer todos os militares e civis da Base Aérea nº6 que aqui nasceram e sempre aqui residiram.

De facto, o desenvolvimento do Samouco, quer em termos populacional, quer habitacional, estará sempre intimamente ligado à existência da Base Aérea nº6.

Quero fazer aqui uma referência a dois momentos deste processo de reconhecimento à Base Aérea nº 6:

Primeiro, o dia 11 de Outubro, quando fomos recebidos pelo então Comandante da Base Aérea nº 6, Coronel Piloto Aviador Hélder Rebelo, cuja sua presença muito nos honra.

Decerto, não sabe a satisfação que tivemos ao ver a sua alegria, embora contida, quando lhe apresentámos a nossa intenção e a forma como prontamente acolheu o projecto e disponibilizou as oficinas da Base Aérea nº6 para colaborar na execução do mesmo.

Creia que as suas palavras tiveram um grande significado para nós pois, e como nos referiu, a Base Aérea está neste território à 65 anos e nunca ninguém pensou em fazer qualquer reconhecimento ou homenagem.

Um segundo momento, foi no passado dia 31 de Outubro na cerimónia de rendição do comando, quando o Comandante empossado, o Coronel Piloto Aviador Luís Graça, a quem também agradecemos muito a sua presença, me transmitiu que já possuía a informação acerca do reconhecimento que a Junta de Freguesia pretendia efectuar, facto este que também acolheu com satisfação e carinho.

Estes são dois momentos que nos marcam e que entendemos só serem possíveis devido ao excelente relacionamento que existe entre a Junta de Freguesia do Samouco e a Base Aérea nº6.

Não poderia terminar a minha intervenção sem agradecer ao seu pessoal, das oficinas de serralharia e carpintaria da Base Aérea nº6, ao Sr. Padre Jorge pela bênção que há pouco efectuou e pela forma como sempre se disponibilizou para ser o elo de ligação entre nós e o comando da Base Aérea nº6 e ao Conservatório Regional de Artes do Montijo por, uma vez mais, se ter disponibilizado para abrilhantar a nossa sessão solene.

Um agradecimento especial ao nosso funcionário Vasco Vespeira e aos meus dois camaradas de executivo, o Cristóvão Rosado e o António Almeirim. Sem vocês, quer a rotunda da Base Aérea nº6, quer as rotundas das entradas da nossa vila não tinham novas realidades desde o início deste novo mandato.

Aproveito para desejar a todos os presentes, seus familiares e amigos e a toda a população, um feliz natal e um ano de 2019 mais justo, fraterno e solidário.

Com Força e Grandeza de Ânimo, recebam um abraço amigo do Executivo da Junta de Freguesia.

Viva a Vila do Samouco.

 

 

 

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